O que a Bíblia diz sobre o Vinho?
O VINHO NA BÍBLIA
Diferentes palavras hebraicas e gregas são empregadas nas Escrituras para o termo “vinho”. Antes de explicar-lhe com mais detalhes, transcreverei dois textos bíblicos que mostram claramente a diferença entre o vinho fermentado (alcoólico) e o não fermentado (não alcoólico):
Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco. Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu coração falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar e como o que se deita no alto do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber (Pv 23:29-35).Assim diz o SENHOR: Como quando se acha vinho num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de meus servos e não os destruirei a todos (Is 65:8).
Podemos ver claramente dois tipos de vinho. O primeiro texto trata do vinho com álcool. Seria impossível Jesus usar na Santa Ceia (bem como nas bodas de Caná da Galileia – veja-se João 2:1-12) o tipo de vinho mencionado em Provérbios 23:29-35. Ele estaria indo contra a Bíblia e, portanto, seria um pecador.
O segundo trecho bíblico (Isaías 65:8), trata o vinho sem álcool, do puro suco da uva. Veja que esse “vinho” de Isaías 65:8 no qual “há benção” estava no cacho de uvas, não no Odre (saco de couro de animais onde se guardava o vinho) ou nas atuais garrafas, passando pelo processo de fermentação.
Os dados a seguir, foram extraídos do livro Consultoria Doutrinária (Tatuí: SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979):
No Antigo Testamento:
1) Tirôsh – essa palavra é usada para se referir ao vinho que não é alcoólico. Aparece 38 vezes no AT e está relacionada com coisas boas. Ver, por exemplo: Gênesis 27:37; Salmo 104:15; Provérbios 3:10; Oséias 2:22.
2) Shekar – sempre usada para se referir ao vinho alcoólico: Provérbios 20:1; 23:29 e 30; Isaías 5:11; 28:7.
3) Yayin – esse termo se refere ao vinho em geral, tanto alcoólico quanto não alcoólico. Ocorre 140 vezes no AT. Veja 1 Samuel 1:14; Isaías 55:1.
No Novo Testamento:
(1) Sikera e (2) gleukos – usadas apenas uma vez cada uma, fazem alusão ao vinho fermentado e alcoólico: Lucas 1:15; Atos 2:13.
3) Oinos – é a mais empregada no Novo Testamento e se refere tanto ao vinho fermentado quanto ao não fermentado. A Septuaginta[1] utilizou a palavra “oinos” para traduzir as palavras Yayin (vinho em geral) e tirôsh (vinho não fermentado): ver, por exemplo, Lucas 7:33 e João 4:46.
Podemos perceber que alguns termos hebraicos e gregos são usados tanto para o vinho alcoólico quanto para o não alcoólico. Desse modo, para sabermos a qual tipo de “vinho” o texto está se referindo, devemos avaliar o contexto onde o termo é empregado.
COMPREENDENDO ALGUNS TEXTOS DIFÍCEIS
Há versículos que tratam do vinho e que não podem ser explicados apenas levando-se em conta o significado das palavras no original. Alguns exemplos são: Deuteronômio 14:26, Provérbios 31:6 e 1 Timóteo 5:23. Por isso, irei analisá-los brevemente, em separado.
(a) Deuteronômio 14:26: “Esse dinheiro, dá-lo-ás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer coisa que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR, teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua casa”.
Não há dúvidas de que Deus, em sua infinita misericórdia, tolerou nos dias do Antigo Testamento algumas práticas que Ele nunca aprovou, entre elas a bigamia, poligamia, uso do álcool, etc.
A tolerância divina foi importante num momento de ignorância e dureza do coração das pessoas. Pelo fato de o povo de Israel ter convivido no Egito com pagãos, é de se esperar que alguns costumes perniciosos ficassem muito arraigados na vida deles. Sendo Deus paciente e “grande na força da Sua compreensão” (Jó 36:5), suportou tais costumes e, na medida em que o tempo passava, foi reeducando-os (Deuteronômio 14:26) para que vivessem cada vez mais de acordo com Sua vontade.
Como recurso didático para incentivar tal reeducação dos hábitos de Seus filhos, Deus instituiu o Nazireado (leia Números 6:1-21) e proibiu que os sacerdotes usassem bebidas alcoólicas quando ministrassem perante Ele:
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