Sera que a Biblia aprova a Psicologia?
Gostaria de saber se a Bíblia aprova a psicologia… E.S, Estância, SE.
Há textos bíblicos que tratam da psicologia – a boa psicologia – antes mesmo de ela sonhar em existir como ciência. Apresentarei alguns deles para sua análise, porém, antes quero lhe ajudar a considerar que há algumas técnicas e abordagens que não devem ser adotadas por um psicólogo cristão, especialmente por alguém que é paciente e deseja resultados mais rápidos e efetivos.
Um exemplo é a hipnose. Mesmo que venha surtir efeitos, essa “técnica” contradiz a Palavra de Deus, por dois motivos:
1) Deus não autoriza que um ser humano tome posse da mente de outro: “Tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para o seu próprio dano”. (Ec 8:9).
Uma das escritoras mais traduzidas no mundo, Ellen G. White, condenou fortemente o uso da hipnose como recurso terapêutico. Leia o que ela escreveu em seu livro Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2. Na 15ª seção intitulada “Falsos Sistemas de Terapia”, White aborda tópicos como: “Pseudociência”, “Mente Controlando Mente”, “Hipnotismo e Seus Perigos” e “Ciência Satânica da Exaltação Própria”.[1]
2) A ideia de retornar à “vidas passadas” é espírita e, portanto, algo “abominável” aos olhos do Senhor (ler Deuteronômio 18:10-14, onde Ele condena qualquer manifestação de espiritismo).
Tirando de lado a hipnose, há outras linhas da psicologia[2] que não foram eficazes para mim. Aprecio muito as bases da psicanálise, que nos ajudam a ir na origem do ser para entendermos os traumas presentes. Porém, não a considerei eficaz para mim, pois quando fiz algumas seções estando eu com depressão, ansiedade generalizada, fobia social e Transtorno Obsessivo-compulsivo, só falar, falar e falar – sem ouvir quase nada do terapeuta – não produziu dentro de mim alguma mudança inicial necessária, ou ao menos algo que me desse esperança de sair daquela situação. Senti que perdi meu tempo com aquele tipo de abordagem.
Prefiro linhas terapêuticas que sejam ao mesmo tempo profundas, confrontadoras e comportamentais, nas quais o terapeuta, além de ouvir, mostra-lhe coisas sobre seu “eu” que o ajudam a montar um “quebra-cabeça” de sua história e traumas. Isso me proporcionou um autoconhecimento incrível.
E, quando esse autoconhecimento era acompanhado da confrontação (por parte do terapeuta) dos padrões de pensamento e comportamento que me levaram à doença, isso se demonstrou tão eficaz que em um mês de terapia consegui uma melhora que não havia tido em cinco anos só tomando medicamentos!
Cada vez que você sair do consultório de um psicoterapeuta, tem que ter aprendido algo novo, para que seu cérebro crie novos caminhos neurais e, consequentemente, novas possibilidades de ver, sentir as coisas e de reagir diante da vida. As seções devem levar você a adotar crenças libertadoras e a abandonar as que são limitadoras e levam à doença emocional.
Vamos aos textos bíblicos que mostram que a psicologia boa já era usada na Bíblia antes mesmo de ela existir no meio científico:
Mateus 6:25-34 – Como bem destacou o Dr. Augusto Cury, aqui Jesus faz psicologia preventivaantes mesmo de a ciência descobri-la. Quando o Senhor nos convida a “relaxar” em relação a algumas situações da vida, está nos ensinando a nos prevenirmos do estresse, depressão, etc. Isso é psicologia preventiva, usada por Cristo há mais de 2000 anos!
Filipenses 4:6 – este texto convida a pessoa a “abrir o coração a Deus”, o maior de todos os psicólogos. Estimula-nos a não guardar segredo algum ao nosso Pai Celestial. Falar faz bem às emoções, pois, ao desabafarmos, nossas ideias vão se organizando e passamos a visualizar outras possibilidades.
Filipenses 4:8 – Paulo aborda a psicologia de maneira bem direta nesse versículo. Ele diz para administrarmos os pensamentos, para que as más idéias não prejudiquem nossa saúde, tanto física quanto mental.
Esse gerenciamento de pensamentos é ensinado por cientistas da psicologia e psiquiatria, entre eles o Dr. Augusto Jorge Cury, autor de vários livros sobre o assunto, especialmente a série “Análise da Inteligência de Cristo” (publicada pela Academia de Inteligência), cuja leitura recomendo.
Provérbios 23:7 – Diz o texto: “pois como imaginou na sua alma, assim é”. E é exatamente isso que a psicologia ensina: “somos aquilo que pensamos”. Por isso, devemos colocar em prática as orientações de Filipenses 4:8, e administrarmos os nossos pensamentos[3] para que não nos tornemos vítimas de nós mesmos.
João 5:1-9 e 14 – Neste relato, percebo Jesus, de maneira sábia, abordando uma pessoa que estava doente física e emocionalmente.
Ele entrou em contato com um paralítico que estava doente por 38 anos. Essa pessoa estava daquele jeito por causa de um estilo de vida desregrado e, para piorar, machucava as próprias emoções com a superstição. Ele tinha crenças erradas que agravavam a doença.
A abordagem de Cristo mostra o quanto Ele conhecia de psicologia: ao invés de desanimar o homem, dizendo que ele estava daquele jeito por causa do pecado; ao invés de pedir que ele deixasse de crer em superstições, primeiro o Senhor Jesus foi até a mente dele com uma pergunta que lhe despertasse a atenção e abrisse o coração para receber a palavra terapêutica: “queres ser curado?” Isso despertou esperança ao indivíduo e possibilitou que Jesus fizesse algo mais por ele.
Ignorando a superstição daquele homem, em resposta à atitude do pecador (que quis ser curado), Jesus o restaurou. Depois de restaurá-lo fisicamente e emocionalmente, o Salvador fez uma abordagem comportamental no verso 14, pedindo para que o homem não pecasse mais, para que a doença não voltasse pior que antes.
Cristo ensinou que a pura psicologia envolve, entre outras coisas: uma abordagem que leve esperança ao indivíduo; cura e reeducação no estilo de vida da pessoa. Mudança tanto comportamental quanto na maneira de pensar e encarar a vida.
Gostaria de recomendar outras obras para sua leitura. Porém, tenho consciência de que fui muitoinjusto em recordar apenas dessas, sendo que há muita coisa boa no mercado. Vamos a elas:
– Mente, Caráter e Personalidade – vols. 1 e 2 (meus livros de cabeceira), de Ellen G. White. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira).
– Jesus, o maior psicólogo que já existiu: Como os ensinamentos de Cristo podem nos ajudar a resolver os problemas do cotidiano e aumentar nossa saúde emocional, de Mark W. Baker. (Rio de Janeiro: Sextante, 2005).
– A Arte de Fazer Escolhas: Insights e contos baseados em princípios quânticos para manifestar o seu poder pessoal, de Louis Burlamaqui (São Paulo: Aleph, 2014).
– Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que define o que é ser inteligente, de Daniel Goleman. (Rio de Janeiro: Objetiva, 2012).
– Gestão da Emoção: técnicas de coaching pessoal para gerenciar a ansiedade, melhorar o desempenho pessoal e profissional e conquistar uma mente livre e criativa, de Augusto Cury. (São Paulo: Benvirá, 2015).
– O Poder da Ação: faça sua vida ideal sair do papel, de Paulo Vieira. (São Paulo: Gente, 2015).
Despeço-me com um pensamento a respeito da psicologia para sua reflexão: “Tratar com mentes humanas é a mais bela obra em que já se ocuparam os homens”.[4]
REFERÊNCIAS
[1] Ellen G. White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2. 4ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013), p. 697-728.
[2] Casa uma das linhas da psicologia têm coisas boas. Para ter um apanhado geral sobre elas, leia a obra de Tom Butler-Bowdon intitulada 50 Grandes Mestres da Psicologia (São Paulo: Universo dos Livros, 2012). Todo estudante de psicologia, ao se deparar com os mais diversos pensadores da área, deveria considerar as palavras de Paulo em 1 Tessalonicenses 5:21: examinar tudo e reter o que é bom.
[3] Há uma exceção aqui e que não deve ser passado por alto: se você sofre de pensamentos obsessivos como eu sofria (Transtorno Obsessivo-Compulsivo – T.O.C.), a forma de lidar com isso é outra. Não tente administrar sozinho porque a tensão aumentará e os pensamentos ruins lhe atormentarão mais ainda! Além de psicoterapia, nesse caso você necessita do tratamento medicamentoso para aliviar esses sintomas desconfortáveis e pensamentos opressores e escravizadores. Portanto, Filipenses 4:8 não foi escrito para quem já tem o T.O.C. Deus entende seu sofrer psíquico e lhe ama independentemente do tipo de pensamento que esteja em sua mente em resultado de sua doença.
[4] White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), p. 3
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